ARTE: INSPIRAÇÃO, SENTIDO E LUGAR DE PODER (Parte 1)

Por Flávia Hargreaves
fmhartes@gmail.com

Ligação com a terra.
Lugar que ressoa no coração.
Praia arenosa, alto da montanha.
Verde floresta coberta de árvores.
Desertos profundos, verdes prados,
Logo te encontrarei.
Farás meu coração cantar;
Cachoeira, Cascata, Rio ou Mar.
(CARTA 16: LUGAR DE PODER, 
(As Cartas do Caminho Sagrado, Jamie Sams)

Nos últimos meses, sempre que vou visitar uma amiga, Anna Saraiva, dou de cara com o livro “As Cartas do Caminho Sagrado”, de Jamie Sams. Não que eu tenha alguma relação com xamanismo norte-americano e afins, mas não resisto e pego uma carta.


 A última carta que peguei foi “Lugar de Poder” que fala sobre ser um catalisador de acontecimentos que ocorrem ao redor, mas também fala de um lugar de recarga, um lugar de poder pessoal. Não tenho a intenção de me aprofundar nas cartas, nem mesmo nos complexos termos “inspiração”e “sentido”, estou apenas compartilhando a minha experiência pessoal, as reflexões que este contato despertou em mim, as articulações que fiz com acontecimentos recentes e como isto pode nos auxiliar na Arteterapia, que, afinal, é o tema deste blog.

Lugar de Poder. O que seria este lugar de poder pessoal? Como identificar este lugar de recarga, este lugar onde somos nós mesmos, onde podemos exercer nossos talentos, onde tudo parece fazer sentido? Ou seria melhor dizer “onde está nossa saúde? Lugar de Saúde!”.

Kaquico (1941-2016)

Recentemente perdi um amigo muito especial, Kaquico, e a música era o seu lugar de poder/saúde, e também havia um lugar concreto, geográfico, São João del Rei e e sobre este escreverei em outra oportunidade, fazendo um recorte "Arte" e "Ambiente". Mas hoje vou me concentrar na música, na Arte.  Kaquico não guardou sua música para si e para seus ouvintes, mas inspirou, reuniu pessoas em torno da música democrática que fazia. Foi um catalisador de pessoas, tendo sido fundamental na vida de muitos, que foram levados ao reencontro com esta arte, que retomaram seus instrumentos e voz.

E então voltamos à questão da Arte, agora como lugar de poder/saúde. Fazer música, dançar, pintar, ... como esta aproximação com as linguagens da Arte pode nos auxiliar, nos inspirar neste reencontro com o sentido de nossas vidas, neste reencontro com o que há de saudável em nós. É preciso salientar aqui que não se trata, embora também seja fundamental, ser um observador, ouvir música, ir ao teatro, visitar exposições, etc. mas FAZER ARTE. Falo aqui de uma arte democrática, sem um compromisso profissional e suas exigências.

A Arteterapia pode proporcionar este lugar, este encontro com a Arte em suas diversas linguagens com a abertura necessária para que cada um possa descobrir o seu “Lugar de Poder/Saúde” diante de tantas possibilidades. Será que nossa função seria promover este encontro e este reconhecimento do lugar de poder/saúde do nosso cliente, e valorizá-lo? Quantas vezes é justamente este lugar que deixamos pra lá, dizendo “quando tiver um tempo...” e assim vamos nos perdendo e adoecendo.

Como tudo tem, pelo menos, dois lados, da mesma forma que se faz necessário identificar este lugar de recarga e força, também precisamos estar atentos aos lugares de enfraquecimento, empobrecimento e perda de energia.

Identificar e lidar com o “Lugar de Poder/Saúde” e o “Lugar de Enfraquecimento/Doença”, não diz respeito somente ao nosso cliente, mas é fundamental que o terapeuta faça o “dever de casa”.

E deixo a pergunta: Qual o seu “Lugar de Poder”?
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texto publicado originalmente em 29/02/2016: http://nao-palavra.blogspot.com.br/

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