MOMENTO POÉTICO LOCUS

Um espaço dedicado à publicação de poesias enviadas por nossos seguidores, amigos e colaboradores.

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A ESTRELA

Onde mora nossos desejos,

nossa esperança, nossa fé.

Não importa o tamanho da explosão,

nem a quantidade de escombros,

ela sempre está lá,

com sua luz a nos guiar.

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Pintura/Poesia de Maria Teresa  Gonçalves Rocha

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RISCO / RABISCO

Alto risco

Baixo risco

Sem risco

Vida em risco

Risco no rosto

no corpo

no caráter

Valores em risco

Rabisco na parede

 no muro

 no papel

 de protesto

Rabisco colorido

criativo

ostensivo

contundente

Rabisco no seu Risco

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Fotografia/Poesia de Maurício de Andrade

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O LOUCO

Subi na mais alta montanha

De lá me lancei para o mundo.

Sem amarras,

Sem medo,

Sem expectativa.

Impulso vital.

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Pintura/Poesia de Maria Teresa  Gonçalves Rocha

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AQUI E ALI

Estar aqui

Estar ali

Estar aqui

Me prende

Estar ali

Me solta

Estar aqui

É igual

Estar ali

É diferente

Estar aqui

É surdo

Estar ali

É grito

Estar aqui

É fosco

Estar ali

É límpido

Estar aqui

É bom

Estar ali

É melhor

Ai meu deus

Por que o ali não é aqui?

E o aqui possa ser em outro lugar.

Por isso me vejo alegre e triste ao mesmo tempo

Por que queria que o aqui, o ali e o outro lugar.

Tivessem a distância de um sonho.

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Fotografia/Poesia de Maurício de Andrade

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OLHA-ME

Não consigo abrir latas, ou fumar um cigarro

Não pense menos de mim, também não pense mais

Poderia contar meus passos se quisesse

Formei um enorme mapa astral oceânico

Entre navios e estrelas, vi alguns deuses

Mas se o mundo fosse assim como eu queria, não seria mundo

E eu que já nasci assim, esmaecido de mim...

Eu me sujo de azul, vermelho, ou verde

Para minha alma, tudo é um fato

Um fato colorido

Um pedaço de coisa vermelha, como se fosse sangue

Era só melancia, no chão tão grande, não poderia ser mais

Eu poderia parecer mais se não estivesse no céu imenso.

Mas eu me lembro bem e não gosto

Eu só gostava dos peixes que nadavam no mar, mar que não é de ninguém

Assim como os peixes também não são de ninguém.

Sim, eu tenho memória, e o mundo é obediente

Estou aqui  nesse corpo, que com certo peso, suporto sobre patas

Delicadas e inábeis. (Serão?)

Olha-me porque eu te olho

Apenas isso

Quando eu for

Fotografia/Poesia de Janaina Gouveia

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FUGIDIA

Eu fujo

das dores

de amoresdesculpas

e desvios

dos lúcidos

dos normais 

e dos demais

carolas e retrógrados

do atrasado e do raso

Eu fujo

da crueldade

do sistema

da cena de cinema

e do sem sal

e de qualquer tom 

sur tom boçal

Eu fujo

Pintura/Poesia de Cláudia Letti, 2018-19

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pintura: detalhe da pintura do arcano A Imperatriz,
realizado no Pintando e Bordando a Jornada do Herói, 2018.

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MOVIMENTO RUMO AO CONTATO

Movimento rumo à morte

Refletida no espelho

Petrificada pelo olhar

Impressa na retina

O olhar do homem

O olhar do aparelho

Apontam para o escudo

Acertam o espelho

Múltiplos olhares

Tentam driblar a morte

Morte que congela

Petrifica, eterniza

O instante do contato

Capturado, impresso

Imóvel, eterno

Descartável.

Fotografia/Poesia de Flávia Hargreaves, 2009

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Criação a partir da expressão, "MOVIMENTO RUMO AO CONTATO", retirada do livro, Ato Fotográfico (DUBOIS), no curso de Artes Plásticas (EBA-UFRJ), na disciplina: Evolução das Artes Visuais II, ministrada por Michelle Sales.
Referências: DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios.

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momento#poetico#locus#2019#marianateixeira

SER LUZ

"Quero ser estrela porque nasci para brilhar"

Foi o primeiro sonho de uma menina que acabara de chegar.

Não achava que precisava aprender a escrever pois já sabia cantar.

Ainda gosto daquela menina só não sei onde ela está.

Em algum momento ela grita: "Quero ser reconhecida!"

Aí pergunta-se: "Pelo o quê?"

Hoje já evita os holofotes, mas a arte a nutre de vida.

Abandona o ego, mas não o brilho,

Quer ser luz.

Pintura/Poesia de Mariana dos Santos Teixeira

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Pintura - técnica feltragem seca, 2019

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momento#poetico#locus#2019#pierrecrapez

RÉQUIEM PARA A ALMA DA FLORESTA

Quando o choro do córrego

No ventre da mata irá ressecar

Debaixo do céu incendiado.

Quando a cobra sagrada

Fechando o ciclo da vida

Irá se morder a cauda.

Quando a última ianomâmi

Vir a se deitar na floresta esmeralda

E se transfigurar na arara.

Então os espíritos Xapuri

Que brilham com suas cores

Nos espelhos da mata

Deixarão de brincar.

Os xamãs, seus mentores 

Irão se calar,

E o céu, esse maná

Por fim irá desabar.

Pintura/Poesia de Pierre Crapez

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Pintura - técnica mista sobre tela, 120 x 120, 2019

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 Obra inspirada pelo livro “A queda do céu” do xamã ianomâmi Davi KOPENAWA

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momento#poetico#locus#2019

⇒ poesia de Fernando Pessoa enviada por Fernando Hargreaves em 30/01/19:

"Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não tem cor nem movimento,
Assim como as flores não tem perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor."

Alberto Caieiro