IMPRESSÕES DA ESPANHA V DESCOBRINDO O "EU ARTISTA" ENTRE OBRA E PROCESSOS
Por Marcela Campbell
Hoje, o artes.LOCUS recebe mais uma vez Marcela Figueiredo Campbell, dando continuidade a série A ARTETERAPIA E A ARTE: IMPRESSÕES DA ESPANHA, onde a autora compartilha conosco o seu processo criativo e a desvalorização da autocrítica que muitas vezes afasta o sujeito do seu "EU ARTISTA".
Boa leitura,
Flavia Hargreaves
Coordenadora do projeto artes.LOCUS
Fazendo um comparativo entre a Marcela que desenhava de forma catártica e a Marcela de um ano atrás que entrou no curso de desenho para aprender técnicas e se sentir mais segura como futura arteterapeuta, a Marcela atual emergiu de uma maneira serena em suas obras e apreciando o conjunto. É como se o meu processo com a arte estivesse ganhando outro significado com o surgimento do “eu artista” que já transitou entre os polos da “arte catártica sem valor estético” e “arte estruturada e de extremo valor estético”. Claramente através destas duas últimas obras pude observar um processo interior que veio à luz durante a quarentena e também pela minha reconexão com o material. Sentindo orgulho dos meus trabalhos e de finalmente ter voltado a gostar deles, sem anular a importância do processo, levanto-me o questionamento: Como arteterapeutas, qual a relevância damos a relação cliente – obra – estética?
Hoje, o artes.LOCUS recebe mais uma vez Marcela Figueiredo Campbell, dando continuidade a série A ARTETERAPIA E A ARTE: IMPRESSÕES DA ESPANHA, onde a autora compartilha conosco o seu processo criativo e a desvalorização da autocrítica que muitas vezes afasta o sujeito do seu "EU ARTISTA".
Boa leitura,
Flavia Hargreaves
Coordenadora do projeto artes.LOCUS
A ARTETERAPIA E A ARTE # IMPRESSÕES DA ESPANHA V
DESCOBRINDO O "EU ARTISTA" ENTRE OBRA E PROCESSOS
por Marcela Campbell
Mulheres e Flores, desenho com grafite, colorido com
lápis aquarelável. Marcela Campbell, Madri, 2020.
DESCOBRINDO O "EU ARTISTA" ENTRE OBRA E PROCESSOS
por Marcela Campbell
lápis aquarelável. Marcela Campbell, Madri, 2020.
Por muito tempo, meus trabalhos artísticos eram uma descarga das minhas emoções. Afinal, sou uma pessoa extremamente emotiva. Sempre fui guiada pelos meus sentimentos e foi preciso muita terapia até que conseguisse alcançar um pouco mais de equilíbro. Havia algo na arte que me fazia utilizá-la como descarga emocional. Meus processos eram sempre muito intensos e eu não ligava muito para o resultado das obras. Até que entrei no mestrado em terapias criativas e artísticas e tudo mudou.
A primeira mudança foi ter me inscrito na aula de desenho, pois de tanto ouvir sobre “arte como terapia”, acreditava que precisava me nutrir de todas as técnicas possíveis para poder exercer a “terceira mão”. A minha maior insegurança e meu maior medo como futura arteterapeuta é não ser artista. Por tal razão, tentava sempre estar em contato com a arte o máximo que podia.
Ao entrar na aula de desenho, pela primeira vez precisei parar, pensar e estruturar o que iria produzir. Ali, encontrei o polo oposto da arte catártica. Depois de muitas produções – e obviamente descobrir que sou péssima com as proporções – comecei a sentir uma pequena mudança nas minhas obras que, apesar de ainda muito emocionais, já começava a possuir um pouco mais de racionalidade. Então, fui ao Brasil nas férias e ao voltar para a Espanha, infelizmente não consegui dar continuidade nem com as aulas, nem com o desenho e com a pintura.
Até que chegou a quarentena e, com ela, minha reconexão com os materiais. Durante esses dias, a primeira vez em que fiz um desenho livre, além de não gostar do resultado, a obra parecia completamente distante de mim. Após uns dois/três desenhos meditativos, chegou solstício de primavera e, presa em casa, pensei em fazer um desenho cuja temática seria “mulheres e flores”. E assim acabei descobrindo outro lado da arte.
Nas aulas de desenho havia esse pensamento muito estruturado sobre a obra. Anterior a isso, era um fluxo inesgotável de emoções. Naquele momento, enquanto desenhava para a chegada da primavera, sentia uma conexão serena com o lápis e o papel na medida em que pouco a pouco a imagem surgia de uma maneira plácida, na qual não sabia exatamente aonde chegaria, mas reconhecia o caminho. Quando terminei depois de algumas horas, notei que havia algo diferente na imagem... E realmente havia! Ela não apenas estava diferente do habitual, mas como eu também havia gostado do desenho e de fazê-lo!
Relembrando meu “recontato” com o material, percebi que meu jogo de “observar detalhes da casa e desenhá-los” foi fundamental para esta transformação da imagem e do processo, visto que os resultados e o meu olhar perante a criação da obra haviam mudado. De certa forma, eu não só me importava com a estética como também queria estar satisfeita com a minha criação, o que me fazia olhá-la de diversos ângulos e corrigi-la algumas vezes. Acredito que este tenha sido meu primeiro trabalho feito com esta intenção e que de alguma forma se conecta com um surgimento de um “eu artista”, que talvez nunca tenha acreditado que poderia se formar.
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Marcela Figueiredo Campbell – Psicóloga e escritora dos livros Aprendendo em seis (2014) e A garota dos olhos violeta (2018). Estagiou na Casa das Palmeiras e posteriormente foi colaboradora da atividade de contos de fada. Atualmente, cursa o mestrado de terapias artísticas e criativas (ISEP), na Espanha. Colabora com as instituições AMAFE e AFAEP oferecendo oficinas de teatro e arte para pessoas com transtornos psicóticos. Também atua em CEAR, dando oficinas de arte para pessoas em situação de refúgio.
Whatsapp: + 34 665 459 844
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Nossa que lindo. Parabéns muito orgulho dessa escritora.
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirParabéns por tanto aprendizado com vc. Te amo
ResponderExcluirObrigada, tia!
ExcluirParabéns minha eterna menina, super orgulhosa de vc, te amo ♥️
ResponderExcluirObrigada!! <3
ExcluirParabéns,Marcela!!! Muito orgulhosa da minha sobrinha escritora!!👏👏🌹❤
ResponderExcluirObrigada, tia!
ExcluirMarcela, o ser artista que, todos temos, necessita de uma ajuda para abrir as portas que construímos ao longo de nossa vida, às vezes é sofrida, mas geralmente é prazerosa. E como no trabalho de Dra. Nise da Silveira, só conseguimos chegar perto (mais perto) do próximo, através do prazer, e este prazer não vem com cobranças.
ResponderExcluirObrigada, Fernando! Está sendo um momento bastante encantador! Estou aprendendo bastante e de uma forma muito prazerosa! Estarei cada dia mais consciente em relação a isto e mais aberta a descoberta deste eu artista.
ExcluirO desenho é lindo, me remetem à fluidez e a poesia das aquarelas de Cícero Dias (veja e me diga se concorda).
ResponderExcluirNunca tive dúvida do seu talento e sensibilidade. Beijos
Obrigada, padrinho! Estou olhando as obras de Cícero Dias e estou sendo hipnotizada pelas imagens! Realmente, muito inspirador! Muitíssimo obrigada!
ExcluirUma bela caminhada em direção ao autoconhecimento. Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada! Está sendo uma caminhada cada dia mais interessante!
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