A ARTETERAPIA E A ARTE: IMPRESSÕES DA ESPANHA # 3

Por Marcela Campbell

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Hoje, o artes.LOCUS recebe mais uma vez Marcela Figueiredo Campbell, dando continuidade a série A ARTETERAPIA E A ARTE: IMPRESSÕES DA ESPANHA, onde a autora explora seus encontros com a arte em sua temporada em Madri. Dessa vez, Marcela nos traz suas impressões da peça teatral “La liberación de la locura” com a companhia “teatro de los invisibles”.

Boa leitura,

Flavia Hargreaves

Coordenadora do projeto artes.LOCUS

 A ARTETERAPIA E A ARTE: IMPRESSÕES DA ESPANHA#3

por Marcela Campbell

Imagem disponível no site: https://teatrodelosinvisibles.com/

Fotografia: Angel Diaz-Delgado.

Uma das mais belas vantagens que encontro na arteterapia é sua composição em diversas áreas. Graças a esses braços abertos e a amplitude de conhecimentos, posso compartilhar minhas classes de arteterapia e teatroterapia com Leyre Urdique, uma pessoa de extrema sensibilidade, doçura e uma atriz apaixonada. Logo nas primeiras aulas do mestrado, Leyre comentou que sua companhia “teatro de los invisibles” estava realizando uma peça chamada “La liberación de la locura” (a libertação da loucura, traduzido literalmente), sobre pessoas diagnosticadas com esquizofrenia. Apaixonada como sou por esta área de trabalho, prontamente comprei os ingressos e me vi envolta dos mais sensíveis, incrível e puros relatos.

Imagem disponível no site: https://teatrodelosinvisibles.com/

“La liberación de la locura” combina um texto riquíssimo em experiências, detalhes, percepções e sentimentos à uma apresentação criativa e sincera, permitindo ao expectador imergir, da forma mais próxima possível, na vida de uma pessoa portadora de esquizofrenia. Tal sensibilidade me chamou atenção pelo reconhecimento de já ter escutado histórias semelhantes. Ao investigar de aonde havia vindo essa sensação, descobri que a companhia realizou uma intensa pesquisa com portadores do transtorno, tornando assim seus personagens tão reais.

A construção de relatos em vez de uma narrativa tradicional com personagens fixos e início, meio e fim, te proporcionam estar o mais próximo possível do que seria viver um episódio psicótico, além de permitir a compreensão de como isto afetaria sua vida. O espetáculo, assim como a loucura, te suga de tal forma que é como se você estivesse dentro de uma vida que não é sua. Durante essa uma hora fiquei sem ar, me senti angustiada, sorri, chorei e, principalmente, questionei o papel da sociedade perante a loucura e, ainda mais, como a arte pode e deveria ser central nesse papel mediador da ressocialização, entrando não somente nos hospitais e nos centros dias, mas também levando essa temática as pessoas que não tem acesso.

 “La liberación de la locura” é um espetáculo sensível que cumpre de maneira enfática o papel da arte como terapêutica, protestante e representativa. Uma linda reflexão sem cair nos estereótipos prejudiciais e clichês que tanto combatemos. A peça é uma respeitosa porta de entrada no mundo da loucura para todos aqueles que nunca tiveram acesso ou sequer quiseram.

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Para saber mais sobre a companhia TEATRO DE LOS INVISIBLES:

https://teatrodelosinvisibles.com/

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Marcela Figueiredo Campbell, 24 anos, escritora de “Aprendendo em seis” (2014) e “A garota dos olhos violeta” (2018), experimentou com a escrita o poder transformador da arte, levando sua primeira obra a rodas de conversas em escolas sobre a violência escolar. Psicóloga formada pela PUC-Rio, foi estagiária na Casa das Palmeiras (RJ) e depois colaboradora da atividade de Contos de Fada por dois anos. Atualmente cursa o mestrado em Terapias Criativas e Artísticas, na Espanha.

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