ARTETERAPIA ANTROPOSÓFICA

por Daniella Liu

Intalação "Entre cacos e fragmentos", trabalho de Daniella Liu Herzog como artista plástica. 

Caros leitores,

Diante da importância de contemplarmos, nesse espaço, diferentes visões e abordagens, na prática da arteterapia, convidamos Daniella Liu, aconselhadora biográfica, terapeuta artística e artista plástica, para escrever sobre terapia artística, também conhecida como arteterapia antroposófica, compartilhando conosco suas bases teóricas e seu histórico.

Boa leitura,

Flávia Hargreaves

ARTERTERAPIA ANTROPOSÓFICA

por Daniella Liu 
contato: d.herzog@uol.com.br

A terapia artística ou arteterapia antroposófica é um método terapêutico que foi desenvolvido quando artistas e médicos, no início do século XX em uma clínica na Suiça, descobriram que a arte poderia ser prescrita como parte do tratamento de diversas enfermidades, sendo uma das principais terapias de apoio à medicina antroposófica, na busca da saúde integral.

Esse método auxilia o paciente no caminho de autodesenvolvimento e autoconhecimento, despertando a sensibilidade, criatividade e imaginação e utiliza, principalmente, as expressões plásticas da pintura, da modelagem e do desenho, cujo enfoque terapêutico está no processo do fazer artístico, quando o paciente se torna agente da sua própria mudança, promovendo saúde e bem-estar.

A terapia artística tem sua origem na Antroposofia, (antropos = homem e sophia = sabedoria), que é uma filosofia elaborada no final do século XIX pelo filósofo Rudolf Steiner (1861-1925), com o propósito de auxiliar o homem moderno na busca pelo conhecimento a respeito de si e de sua relação com o universo e com o mundo ao seu redor. Steiner a intitulou de ciência do Espírito.

Terapia artística. Imagem enviada pela autora.

Nesse sentido, a Antroposofia é um convite para se desvendar a condição humana em todas suas áreas de abrangência como a medicina, a pedagogia Waldorf, a consultoria empresarial, a agricultura biodinâmica, uma farmacologia específica, a psicologia antroposófica e diversas terapias complementares, em que o homem é observado em sua totalidade entre elas: aconselhamento biográfico, eurritmia, massagem rítmica, extra-lesson, musicoterapia, etc.

Em 1921, a Dra. Ita Wegman (1874-1943), em parceria com Steiner, fundou a clínica Arlesheim, na Suiça e, na época, pediu para Dra. Margarethe Hauschka, médica e artista, que desenvolvesse os primórdios da terapia artística e sua metodologia, no tratamento com os pacientes. Na década de 70, a terapia artística chegou ao Brasil, junto com a própria medicina, quando a Dra. Gudrun Burkhardt (1929) fundou a clínica Tobias, em São Paulo. E, em 1986, surgiu no país a primeira escola de formação de terapeutas artísticos. Para ser um terapeuta é preciso ser formado em uma escola autorizada e o curso, atualmente, tem duração de quatro anos.

O terapeuta utiliza-se de diferentes meios artísticos que proporcionam ao paciente uma harmonização dos processos que estão em desequilíbrio. Nas primeiras sessões, o paciente entra em contato com os materiais e desenvolve sua obra livremente para que seja feito o diagnóstico e analisada a forma que a terapia poderá ser conduzida. Os elementos das artes visuais e plásticas como cor, volume, disposição espacial, luz e sombras são alguns dos instrumentos utilizados. Beleza, ritmo, harmonia e entusiasmo na observação da natureza são qualidades presentes no processo terapêutico, mas também promovem o equilíbrio emocional do paciente, beneficiando sua saúde e bem-estar.

Ao permitir que a arte faça parte do cotidiano, a terapia artística possibilita ampliar a consciência estética, restabelecendo uma e relação sadia do homem com o mundo e com a natureza, harmonizando sentimentos e pensamentos e estimulando ações imbuídas de sentido, impelindo-o a empreender as transformações necessárias para melhoria da sua qualidade de vida.

Terapia artística. Imagem enviada pela autora.

A pintura em aquarela é mais indicada nos casos onde a troca com o mundo externo precisa fluir e quando há dificuldades para manifestar os sentimentos. O desenho é recomendado para auxiliar pacientes com dificuldades de concentração ou atenção e compreensão na lógica da realidade. A modelagem é uma técnica usada para controlar a impulsividade e ativar a força de vontade, quando houver um quadro de estagnação ou apatia.
A terapia artística é indicada para crianças, adolescentes, jovens e adultos, podendo ser aplicada a todos os casos de enfermidades de natureza física, mental ou emocional e ainda como processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Os atendimentos podem acontecer em grupo ou individualmente em consultório particular ou ateliê, num ritmo semanal ou quinzenal, e a sessão dura entre 1h a 1h e meia.

Também está presente em workshops e cursos de formação, cujo o foco seja o autodesenvolvimento e autoconhecimento e é especialmente indicada para profissionais que trabalham nas áreas da saúde e do desenvolvimento humano. Vivências artísticas fundamentadas na Antroposofia também servem de apoio complementar a diversos cursos de formação na área da saúde.

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Daniella Liu  é aconselhadora biográfica formada pela Escola Livre de Estudos Biográficos (ELEB-SP), terapeuta artística, arquiteta e artista plástica com especialização em História da Arte pela FAAP. Atualmente, é vice-presidente da Associação Brasileira de Aconselhadores Biográficos e docente de cursos de Formação em Antroposofia, entre eles, o curso de formação em Medicina Antroposófica do Rio de Janeiro (ABMA-RJ). Trabalhou durante 5 anos no ambulatório da Associação Monte Azul como terapeuta artística antroposófica. Hoje, ministra palestras, cursos, workshops na área da arte e do Desenvolvimento Humano, além de prestar atendimentos individuais e de grupo em consultório.

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