ARTETERAPIA E EXPERIÊNCIA ARTÍSTICA
Flávia Hargreaves
No texto a seguir trago as minhas reflexões sobre o estudo teórico e prático da Arte na formação do arteterapeuta.
Se você fez um bom curso de formação ou pós-graduação em Arteterapia, certamente experimentou muitas expressões artísticas ao longo de 2 ou 3 anos. Desenhou, pintou, bordou, fez colagem, modelagem, criou histórias, ... e viveu isso intensamente sentindo em si mesmo a potência transformadora da Arte.
Talvez a Arte faça parte da sua vida desde sempre, como no meu caso, ou talvez seu encontro com a Arte tenha ocorrido no próprio curso. Seja como for a experiência vivenciada na Arteterapia promove um encontro diferenciado com as linguagens expressivas.
Nos últimos anos tenho defendido a proposta de que, pelo menos na fase da formação, o futuro arteterapeuta se submeta ao processo arteterapêutico como cliente e, mesmo não sendo uma exigência na área, esta escolha vai fortalecer a sua experiência com a autoexpressão criativa e colaborar na autoconfiança e no posicionamento profissional quando iniciar sua carreira.
Concluída a formação, muitos usarão a Arteterapia como uma ferramenta complementar na psicologia, enquanto outros darão início a sua carreira como arteterapeutas. E, então seguem seus estudos na área da psicologia e/ou buscam ferramentas na Arte que lhes dê segurança mas que, muitas vezes, não cumprem a função básica de experiência artística necessária.
Quais seriam os pontos importantes para que o arteterapeuta tenha segurança no uso das artes plásticas na sua prática?
Vamos aos pontos:
1. Conhecer os materiais, como funcionam e ser capaz de fazer as associações com o processo terapêutico. Estudar experimentando e explorando suas possibilidades e limites.
2. Referências da História da Arte, ampliando seu repertório de imagens e processos criativos para trabalhar com seus clientes.
3. Escolher uma linguagem/técnica e explorá-la como artista. Será importante criar, estar em movimento e viver as alegrias e frustrações do artista.
E como fazer isso?
Trazendo a prática artística para a sua rotina, frequentando ateliês livres de arte, participando de grupos de estudo e cursos que tenham este objetivo. A dica é estudar experimentando porque ler sobre aquarela e se deliciar vendo obras em aquarela não substituem o desafio de "fazer uma aquarela".
Ao ampliar o seu repertório de experiências artísticas o profissional vai ser capaz e explorar ao máximo cada material, vai ser mais econômico na hora de ir às compras, vai ter segurança e flexibilidade no uso dos materiais nos atendimentos.
Vou compartilhar com vocês algo que ocorreu semana passada. Em uma supervisão com uma ex-aluna do meu curso de materiais falávamos sobre técnicas que poderiam ser usadas em determinado atendimento e para minha surpresa ela se virou e pegou a pasta do meu curso que ela havia feito há 5 anos. E disse: o seu curso é um curso vivo, isso não acontece com todos os cursos. Esta pasta está sempre à mão e uso direto quando tenho dúvidas nos meus atendimentos.
Então vou finalizar com esta dica: ao iniciar os seus estudos monte uma PASTA com seus trabalhos originais ou fotos, a descrição das suas experimentações e suas reflexões. Esta pasta vai te acompanhar e te ajudar na sua rotina profissional!
Me conta aqui nos comentários o que pensa sobre o tema!
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Flávia Hargreaves é arteterapeuta (AARJ 402/0508), artista e professora de artes para terapia.
Em 2021 criou o projeto Arte para Terapia oferecendo cursos online de História da Arte para Terapia.
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