A MULHER E O CORPO, UMA INTEGRAÇÃO ENTRE O CORPO E A MENTE
Por Maria Cristina de Resende
Neste verão, o
artes.LOCUS tem o prazer de receber o I CICLO DE PALESTRAS MULHERES EM CÍRCULO,
firmando nossa parceria com o MEDICINAE. O texto a seguir apresenta as
reflexões da palestrante Maria Cristina de Resende sobre o tema inaugural: A
Mulher e o Corpo, apresentado no dia 18 de janeiro.
Venha participar das
próximas palestras agendadas para dia 15 de fevereiro e 15 de março.
Boa leitura,
Flavia Hargreaves
Coordenadora
do projeto artes.LOCUS
I CICLO DE PALESTRAS MULHERES EM CÍRCULO
Palestrante: Maria Cristina de Resende
18/01 às 18h - A mulher e o corpo. Uma integração entre o corpo e a mente.
15/02 às 18h - A mulher e sua psique. O desenvolvimento subjetivo da mulher.
15/03 às 18h - A mulher e o Sagrado Feminino. O caminho do religare feminino.
Local: Copacabana. RJ.
Inscrições antecipadas: medicinae.artesanal@gmail.com ou WhatsApp: 21 98658-9568
Realização: artes.LOCUS e MEDICINAE
I CICLO DE PALESTRAS
MULHERES EM CÍRCULO # 1
A MULHER E O CORPO, UMA INTEGRAÇÃO ENTRE O CORPO E
A MENTE
Por
Maria Cristina de Resende
Selfie tirada por Quele Picoli do grupo que participou da palestra inaugural do
I Ciclo de Palestras Mulheres em Círculo, no dia 18/01/19.
Nesta
última sexta-feira, dia 18 de janeiro, realizamos o primeiro encontro do I Ciclo
de Palestras Mulheres em Círculo no artes.LOCUS, onde pudemos abrir diferentes
reflexões acerca do tema corpo e a mulher e a relação que tanto as próprias
mulheres estabelecem com ele, quanto a relação que a cultura estabelece sobre
os corpos das mulheres.
O
objetivo deste Ciclo é levar informação a mulheres, e homens, a respeito de
temas do universo feminino para desconstrução de paradigmas preestabelecidos
pela cultura machista e patriarcal em que estamos inseridas há alguns milênios
de nossa existência.
Nesse
processo a discussão sobre temas tabus como sexualidade, corpo, maternidade,
carreira profissional, ciclos naturais do corpo, relacionamentos e crenças se
torna fundamental para que possamos juntos ressignificar o ser mulher e seu
lugar no mundo.
Foi
um encontro entre 14 mulheres que puderam falar e/ou pensar sobre todas essas
questões que, muitas vezes, naturalizamos mesmo que nos façam mal e limitem
nossas possibilidades de expressão no mundo. Falar e pensar a respeito dos
padrões inalcançáveis da estética, problematizar o que é beleza para cada uma e
como alcançá-la sem abrir mão da saúde, refletir sobre a maternidade, a
liberdade de escolha sobre o próprio corpo, questionando se somos realmente
donas dele ou se somos manipuladas pela cultura patriarcal. Cultura que por um lado
empodera a mulher sobre algumas escolhas, como por exemplo: o uso do
anticoncepcional, mas que por outro lado a responsabiliza moral e criminalmente quando a coloca diante da ilegalidade do aborto. Além de trazer à luz a necessidade de
fazermos as pazes com a biologia da mulher que durante muitos séculos foi usada
como argumento para justificar sua fragilidade e inferioridade em relação ao
homem.
Muitas
mulheres que buscaram a igualdade na sociedade, tanto no mercado de trabalho
quanto na família, acreditaram nesse discurso sexista e acharam que ao negar a
fisiologia da mulher alcançariam esta igualdade. Comprimidos que cessam a
menstruação, perspectiva da maternidade como uma escolha negativa para a mulher
ou até mesmo uma postura mais agressiva nos relacionamentos. Atitudes que na
verdade ressaltam o quanto ainda não resolvemos, intimamente e culturalmente,
as questões que carregamos ao longo de tanto séculos e que ainda hoje urgem em
serem discutidas.
O
encontro foi um grande catalisador de questionamentos pessoais com diferentes
pontos de vista, cada uma com sua reação particular, tocando em pontos
dolorosos de suas histórias, ao mesmo tempo em que trazíamos, juntas, relatos e
experiências tanto pessoais quanto profissionais que somavam à exposição da
palestra. Assim, fortalecemos o propósito dos encontros que não visam trazer
respostas prontas ou estabelecer verdades absolutas nem tampouco universais,
mas trazer a possibilidade do questionamento reflexivo para cada mulher sobre
suas escolhas, desejos e expressões pessoais.
Falar
do corpo é trazer também o conceito de corpo simbólico, aquele que herdamos da
cultura, que é anterior a nós e está impregnado em nossa mente mais profunda.
Entrar em contato com esse registro faz parte do processo de ressignificação
desse corpo que culturalmente sempre fora subjugado a dualidade do imaculado e
do pecador.
A
partir deste conceito já podemos começar a problematizar a forma que
construímos nossa imagem enquanto corpos femininos e as questões que
vivenciamos tanto no âmbito do concreto quanto no emocional acerca do nosso
corpo e toda a expressão a partir dele: nossa sexualidade, a vestimenta, a
relação com o prazer, com os ciclos naturais.
Logo,
o corpo simbólico muitas vezes atravessa e distorce a relação que estabelecemos
com nosso corpo real, pois se ouvimos ao longo de nossas vidas que mulher pode
ou não pode usar esse ou aquele tipo de roupa, não pode sentar desse ou daquele
jeito, não pode brincar disso ou daquilo porque pode se machucar, não pode se
tocar porque é sujo, não pode experimentar sua sexualidade porque não é “coisa
de moça direita”, tem que ser magra, entre outras falácias que ouvimos, e por
vezes repetimos, que muitas podem construir e acreditar na imagem da mulher
frágil e incapaz, ter sua sexualidade reprimida e/distorcida, a total
inconsciência do seu corpo erógeno, do que lhe dá prazer e principalmente de
como é sua própria anatomia genital, uma vez que muitas nunca sequer olharam no
espelho como é sua vulva.
Há
ainda casos em que o corpo real e o imaginário, construído a partir de como me
vejo e como o outro me vê, é marcado pela violência sexual. Nesses casos, todas
as questões mencionadas anteriormente ganham um peso maior e podem aumentar
ainda mais as barreiras que a mulher pode criar para evitar o mergulho em si
mesma e na relação com seu corpo e com o outro.
Entretanto
em ambos os casos, para que a mulher conquiste a “reintegração de posse” do seu
próprio corpo é importante que ela passe pelo processo de aceitação de si mesma
e de sua história, fazendo as pazes com ambos, liberando os pontos nodais que a
aprisionam nesse universo de emoções e valores restritivos e buscando
ressignificá-los para que ela possa se expressar do jeito singular e único de
ser, livre para ser quem ela é e fazer as escolhas que a potencializem em sua
plenitude.
Dentro
de um processo de autoconhecimento a mulher em busca de fazer as pazes com seu
corpo – real e imaginário – é convidada a estabelecer algum link de comunicação
com este corpo. E para isso existe um caminho que já é dado à mulher
naturalmente, que são seus ciclos fisiológicos.
Durante
a idade fértil de uma mulher que menstrua, o corpo lhe fornecerá todos os
indicativos de como ele está sendo afetado através do ciclo menstrual. Através
da observação das reações e respostas do corpo ao longo do ciclo, que não
necessariamente é de 28 dias, podemos criar um mapa sobre nós mesmas – quais
alterações no corpo sofremos ao longo do mês, como e quando nosso humor altera,
quais são os tipos de pensamento e sentimento estão mais presentes ao longo de
cada etapa do ciclo mensal e principalmente, o que estamos desejando a cada
etapa: ficar em silêncio e sozinha? Estar entre pessoas queridas? Sexo? As
respostas vêm a partir da observação.
No
caso de mulheres sem útero, com problemas hormonais que gerem ciclos
irregulares ou ainda as mulheres na menopausa, não há diferença. Somos
cíclicas, logo podemos da mesma forma mapear nossos ciclos a partir de outras
referencias que não mais o sangrar mensalmente.
Em
nossa sociedade urbana e ocidental o ritmo é ditado pela cultura
capitalista/consumista que nos estimula a consumir todo e qualquer tipo de
produto sempre mais. Por isso, certos hábitos antigos foram sendo deixados de
lado e substituídos pelas versões práticas, rápidas e descartáveis da
atualidade. Tais hábitos e saberes eram muitas vezes associados a mulheres
sábias, curandeiras, bruxas e rezadeiras que sabiam o que fazer e como usar a
natureza a favor da saúde da mulher.
Entretanto, tais conhecimentos são o avesso do que busca a cultura do
rápido e descartável, é o simples, o lento, o natural.
Esse
saber faz parte do imaginário da toda mulher, que esconde em algum lugar de sua
alma a memória de alguma mulher que em algum momento a apresentou alguma dessas
ferramentas. Cabe a escolha de cada uma resgatá-la e fortelecê-la.
Logo,
quando uma mulher consegue mergulhar neste exercício de conhecimento profundo a
partir da linguagem do seu próprio corpo, ela estabelece uma comunicação
profunda consigo mesma, se apropriando do conhecimento que ela tem sobre si e
sobre seus desejos, tornando-se cada vez mais plena e consciente de suas
escolhas.
Se
você deseja desenvolver esses temas em sua caminhada te convido a estar conosco
dias 15 de fevereiro e 15 de março às 18:00 no artes.LOCUS, em Copacabana, onde
discutiremos os temas da mente e das emoções e depois da espiritualidade
feminina, o religare da mulher. Após
o Ciclo de Palestras vamos dar início ao Grupo de Desenvolvimento da Mulher, um
grupo terapêutico que se encontrará semanalmente ao longo de 3 meses para
aprofundarmos todos esses temas discutidos no Ciclo.
Para
saber mais entre em contato e vamos juntas fortalecer o elo entre as mulheres e
principalmente, o elo com nossa alma mais profunda.
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Sobre a autora:
Sobre a autora:
Maria Cristina de Resende é formada em Psicologia,
Arteterapia e Psicologia Junguiana, é Terapeuta Floral e estudiosa das medicinas
tradicionais da Terra, como a Ayurveda, Xamanismo e o Sagrado Feminino.
Buscadora dos saberes ancestrais das plantas medicinais, é criadora e artesã da
linha de produtos de saboaria e cosméticos naturais Medicinae, ministra
Oficinas sobre terapias naturais e preparados caseiros e facilita Círculo de
Mulheres.
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encaminhá-lo para o email:atelie.locus@gmail.com que ele será
publicado. Obrigada.
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