EXPERIÊNCIAS EM ARTETERAPIA: ARTE & SAÚDE - Violência de Gênero
Por Ismael Rodríguez Fraga
Galícia - Espanha
Imagem enviada pelo autor.
Caros leitores,
Hoje, iniciamos a série, EXPERIÊNCIAS EM ARTETERAPIA, com o arteterapeuta hauschka1, Ismael Rodriguez Fraga, que nos traz um breve relato sobre sua participação em uma equipe multidisciplinar, no projeto, Arte & Salud, em Galícia, Espanha.
Hoje, iniciamos a série, EXPERIÊNCIAS EM ARTETERAPIA, com o arteterapeuta hauschka1, Ismael Rodriguez Fraga, que nos traz um breve relato sobre sua participação em uma equipe multidisciplinar, no projeto, Arte & Salud, em Galícia, Espanha.
Meu primeiro contato com Ismael foi na Casa das Palmeiras, em 2015, quando tivemos oportunidade de conversar sobre a Arteterapia Hauschka e a metodologia criada por Nise da Silveira, Emoção de Lidar. Aos poucos, fomos descobrindo aproximações entre as duas metodologias, algumas delas presentes no relato abaixo, as quais gostaria de destacar.
A primeira, seria a importância do silêncio no ateliê como condição básica para que o cliente expresse seus conteúdos inconscientes. A segunda, seria o papel do arteterapeuta. No caso da Casa das Palmeiras, exercido pelo monitor que precisa se manter em silêncio e atento às necessidades do cliente, "em um processo quase meditativo", como nos sugere Ismael. Claro que também identificamos diferenças, como por exemplo, o arteterapeuta propõe a técnica e o material a serem utilizados, mesmo sendo incentivada a expressão espontânea, enquanto que, na metodologia niseana, o monitor "meditativo" e "atento" apóia o processo, facilita o acesso e o uso dos materiais, mas a escolha é feita pelo cliente espontaneamente.
É importante percebermos que o uso da expressão plástica, em terapia, pode ser abordado de modos diversos e os profissionais que a utilizam podem optar, se assim o desejarem, por se abrirem ao diálogo com outros caminhos possíveis para o seu desenvolvimento profissional, desde que a estrutura de seu trabalho arteterapêutico seja preservada.
Boa leitura,
Flávia Hargreaves
A primeira, seria a importância do silêncio no ateliê como condição básica para que o cliente expresse seus conteúdos inconscientes. A segunda, seria o papel do arteterapeuta. No caso da Casa das Palmeiras, exercido pelo monitor que precisa se manter em silêncio e atento às necessidades do cliente, "em um processo quase meditativo", como nos sugere Ismael. Claro que também identificamos diferenças, como por exemplo, o arteterapeuta propõe a técnica e o material a serem utilizados, mesmo sendo incentivada a expressão espontânea, enquanto que, na metodologia niseana, o monitor "meditativo" e "atento" apóia o processo, facilita o acesso e o uso dos materiais, mas a escolha é feita pelo cliente espontaneamente.
É importante percebermos que o uso da expressão plástica, em terapia, pode ser abordado de modos diversos e os profissionais que a utilizam podem optar, se assim o desejarem, por se abrirem ao diálogo com outros caminhos possíveis para o seu desenvolvimento profissional, desde que a estrutura de seu trabalho arteterapêutico seja preservada.
Boa leitura,
Flávia Hargreaves
Título: Arteterapia: Arte & Saúde - Violência de Gênero
Por Ismael Rodríguez Fraga
Tradução livre: Flávia Hargreaves
Revisão de conteúdo: Regina Diniz
http://irfdesarrollosocial.wix.com/social
facebook irfdesarrollosocial
tel: 0034 603175457
Neste breve relato, compartilho minha mais recente
experiência como arteterapeuta, no projeto Arte & Salud, realizado, entre
novembro de 2016 e janeiro de 2017, com 02 encontros semanais, atendendo
mulheres vítimas de violência e maus-tratos. O projeto contou com a
participação de 14 mulheres em Vilagarcia de Arousa, Galícia, Espanha, e foi promovido
pela prefeitura de Vilagarcia e a Diputación2 de Pontevedra.
Nos últimos anos, temos trabalhado com grupos de
mulheres, em situações de maus-tratos. Digo “temos” porque é importante
comentar que se trata de uma equipe multidisciplinar, dentro da qual o
arteteraputa permanece, sempre, em estreita colaboração com outros
profissionais, como assistentes sociais e psicólogos.
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Mulheres, indicadas por especialistas, chegam ao
espaço voluntariamente, cada uma com sua história e vão, pouco a pouco, se incorporando
ao trabalho artístico.
No primeiro encontro, a entrevista, com as usuárias, é
de acolhida, de recebimento, quando lhes é apresentada a ideia de que aquele
tempo-espaço, será “nosso”, para compartilharmos juntos – um espaço para a expressão, onde não há expectativas,
onde deixamos tudo fluir pelo trabalho criativo.
Muitas usuárias comentam não saberem desenhar nem
pintar. Digo-lhes que a arte é uma janela e não está condicionada por estilos
predeterminados e que é, desta maneira, que surge a expressão sem filtros.
A primeira sessão é um encontro com o outro, o ponto
por onde começaremos a caminhar juntos, em um processo aberto, pelo qual
investigaremos e redescobriremos muitas de nossas capacidades, gerando,
passo-a-passo, confiança e aumento da autoestima.
Iniciamos por um trabalho coletivo, partindo de um
mesmo lugar. Seguimos, observando como se desenrola o processo para cada usuária
e como se sentem no processo artístico. O trabalho se realiza em silêncio e o
arteterapeuta se mantém atento às necessidades materiais das usuárias, em um
processo quase meditativo.
Ao terminar, cada usuária tem seu tempo para falar
sobre o seu processo: uma forma de torná-lo seu. Às vezes, ocorre a recusa em
falar. É preciso respeitar esta decisão
de expressar ou não o que foi vivenciado.
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Neste compartilhar com o grupo, ouvimos
comentários entre as usuárias sobre como, partindo do mesmo ponto, cada uma tem
uma percepção diferente do processo. Por exemplo, quando o grupo trabalha com a
mesma cor de aquarela e lhes peço que façam um degradê de uma forma determinada
em azul, ou seja, pintar do azul escuro ao claro, até chegar ao branco. Há
pessoas que, usando a mesma aquarela, pintam azuis escuros, outras pintam azuis
mais suaves, outras ainda, marcam muito o papel ou se veem excessivamente carregadas
de água e não conseguem fazer o degradê. O resultado é sempre diferente, assim
como é diverso o modo como cada uma vivencia o processo. Então, retomando a questão:
“Como é que cada uma tem uma percepção diferente do processo?” Respondo algo
que segue me maravilhando: “Que sejamos únicos e diferentes.”
Pouco a pouco, durante as sessões, as participantes tornam-se
mais sensíveis a determinados trabalhos e inicia-se um processo de reflexão e
diálogo interior – uma oportunidade para observar e explorar significados e sua
própria situação diante de suas vivências e emoções. É nesse processo aberto
que, muitas vezes, necessitamos do assistente social e do psicólogo para apoio
e acompanhamento das usuárias.
À medida que o processo avança, criam-se, também,
grupos entre as usuárias que servem de apoio e escuta para o enfrentamento do
dia-a-dia. É um passo importante para a abertura e a confiança.
A experiência com a arteterapia, em diferentes grupos, com mulheres que tenham sofrido ou ainda sofram situação de maus-tratos ou
conflito, pode e possibilita oportunidades para o desenvolvimento pessoal,
assim como abre uma via de acesso ao bem-estar psíquico e à saúde emocional. É
certo que a arteterapia é um processo aberto, pelo qual, juntos, vamos
descobrindo até onde queremos chegar.
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1 Arteterapia
Hauschka tem sua origem na terapia artística desenvolvida pela Dra. Ita Wegmann
e Rudolf Steiner, tendo como base a antroposofia. Em 1962, a Dra. Margarethe
Hauschka cria as bases teóricas e práticas da terapia artística e funda a
primeira escola na Alemanha.
2 Diputación - governo geral de uma região.
Muito bom ver a riqueza de embasamentos teóricos possíveis para a Arteterapia! Bom também ver a potência de sua prática!
ResponderExcluirObrigada Eliana, a Arteterapia nos oferece muitos caminhos e cada profissional deverá buscar o embasamento mais adequado para a sua prática.
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